A reflexão toda começou com o questionamento: cuidar é amar?

Pra mim, cuidado talvez seja sim uma forma de amar, de demonstrar afeto, sim. Mas também é trabalho, obrigação, rotina. É _uma_ das muitas formas de demonstrar afeto, como as “5 linguagens do amor” de Chapman já descreveram. Mas eu queria saber:


❓O que exatamente as pessoas querem transmitir ao dizer, a sua própria forma, que amam alguém.

❓O que define o sentimento de amor dentro de uma pessoa, antes de ser codificado e expressado por uma ação? Em que momento que eu posso pensar em alguém, suspirar, e admitir que o sentimento q tenho por aquela pessoa é amor?

Perguntei nas stories e as respostas/conversas que tive, resumindo bastante, em um momento ou outro tocavam no que eu posso resumir em 3 aspectos:

● Proteção
● Proximidade
● Felicidade

→ A PROTEÇÃO ao meu ver é onde se enquadra o cuidado. Zelar para manter a saúde e a estabilidade de alguém. Aqui ao meu ver entra o fator de não ser requisitado. Tem que ser permitido, sim, mas se antecipar para suprir antes que o ser amado precise pedir é o que codifica como um ato de amor. Isso inclui proteger os sentimentos do outro, privando-o ou prevenindo de vivenciar experiências desagradáveis. Proteger a privacidade e o espaço de cada um dos envolvidos se inclui aqui, pois envolve conhecer e respeitar os limites do outro também.

Por outro lado, se sentir protegido por alguém pode despertar amor também, mas acho que isso está mais associado ao próximo item.

→ A PROXIMIDADE envolveria aqui o compartilhamento de um espaço físico, emocional, ideológico. Aqui também entra compartilhar refeições, idéias, a intimidade, a atração sexual, o interesse em se aproximar mais, curiosidade pelo outro, querer saber suas opiniões e visões… E o senso de segurança, suficiente para se despir de barreiras, se permitir ser vulnerável e compartilhar algo que é precioso. Isso envolve ter suas emoções acolhidas, sua expressividade (aparência, estilo de vida, etc) sendo aceitos. É poder ser você mesmo em qualquer aspecto.

→ FELICIDADE gerada pela coisa ou pessoa amada. Gostar de como a pessoa faz eu me sentir. Alguém demonstra afeto, cuida de mim, faz algo para ou por mim, mesmo que não costume fazer para si mesmo. Ou ainda, felicidade derivada da felicidade do outro: alguém está feliz, e eu me sinto bem simplesmente por que o outro está feliz, fazendo algo que gosta.
De certa forma acho que isso também se decifra em: ADMIRAÇÃO. Essa felicidade de ver o outro se esforçando, progredindo, sendo bom em algo. Todas as pessoas que eu já amei foram pessoas que eu admiro ou admirava. Talvez por isso que muitos rompimentos se iniciam com frustrações irremediáveis: a aceitação de que a pessoa tem algo decepcionante que jamais vai mudar.

***

Algumas pessoas mencionaram itens negativos que podem afetar todos esses aspectos de se permitir amar alguém. Medo, insegurança, posse, ciúme, monogamia, opressões. Outros demonstraram desconfiança de classificações, compararam formas de demonstrar afeto, tentaram achar a diferença entre amor romântico, amor amigável, amor ao próximo… a diferença entre palavras e ações… todos esses são outros assuntos deveras interessantes, mas que não foram o meu objetivo nessa busca atual.

E no que define o meu sentimento, acho que varia muito do momento e do alvo dele. Os 3 aspectos pesam de formas muito diferentes em cada relacionamento que tenho. Agora acho que posso admitir que sim, meu amor pelos meus cães se revela no cuidado e na felicidade que sinto quando elas estão felizes, e na dedicação em proporcionar isso pra elas todos os dias. Mas meu amor pelas pessoas inclui mais do que isso.

Por hora acho que posso resumir minhas reflexões assim. 🤔

(Post escrito e publicado no Instagram em 20 de Outubro de 2021)